terça-feira, 10 de outubro de 2017

Os Oito Versos que Transformam a Mente


Ofereça o ganho e a vitória aos outros.
Tome a perda e a derrota para si mesmo.

Goste ou não desse ensinamento, você só pode dispensá-lo se não quiser alcançar o Estado de Buda.


Os oito versos são:
1. Com a determinação de alcançar
O bem supremo em benefício de todos os seres sencientes,
Mais preciosos do que uma jóia mágica que realiza desejos,
Vou aprender a prezá-los e estimá-los no mais alto grau.
2. Sempre que estiver na companhia de outras pessoas, vou aprender
A pensar em minha pessoa como a mais insignificante dentre elas,
E, com todo respeito, considerá-las supremas,
Do fundo do meu coração.
3. Em todos os meus atos, vou aprender a examinar a minha mente
E, sempre que surgir uma emoção negativa,
Pondo em risco a mim mesmo e aos outros,
Vou, com firmeza, enfrentá-la e evitá-la.
4. Vou prezar os seres que têm natureza perversa
E aqueles sobre os quais pesam fortes negatividades e sofrimentos,
Como se eu tivesse encontrado um tesouro precioso,
Muito difícil de achar.
5. Quando os outros, por inveja, maltratarem a minha pessoa,
Ou a insultarem e caluniarem,
Vou aprender a aceitar a derrota,
E a eles oferecer a vitória.
6. Quando alguém a quem ajudei com grande esperança
Magoar ou ferir a minha pessoa, mesmo sem motivo,
Vou aprender a ver essa outra pessoa
Como um excelente guia espiritual.
7. Em suma, vou aprender a oferecer a todos, sem exceção,
Toda a ajuda e felicidade, por meios diretos e indiretos,
E a tomar sobre mim, em sigilo,
Todos os males e sofrimentos daqueles que foram minhas mães.
8. Vou aprender a manter estas práticas
Isentas das máculas das oito preocupações mundanas,
E, ao compreender todos os fenômenos como ilusórios,
Serei libertado da escravidão do apego.
As oito preocupações mundanas são:
1. Desejar elogios
2. Rejeitar críticas
3. Desejar o prazer
4. Rejeitar a dor
5. Desejar o ganho
6. Rejeitar a perda
7. Desejar a fama
8. Rejeitar ser ignorado

Sua Santidade o 14° Dalai Lama

Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar destes ensinamentos sagrados.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Budismo Tibetano རྙིང་མ་ Nyingma Vajrayana.बज्रयान

A Escola Antiga (tib. Nyingma-pa] se formou a partir das primeiras tradições budistas introduzidas no Tibet.
Apesar de ter surgido como uma escola distinta apenas no século XV, suas origens remontam ao século VIII, com a chegada dos budistas indianos Padmasambhava, Vimalamitra, Vairochana e Shantarakshita.
O mostéiro Samye (tib. Sam yas), fundado em 779, foi o primeiro centro monástico do Tibet e iniciou a difusão dos ensinamentos das tradições que formariam a escola Nyingma.
Segundo essas tradições, o Buddha Samantabhadra (tib. Küntuzangpo / Kun tu bzang po) transmitiu ensinamentos da Grande Perfeição (tib.Dzogchen) ao Buddha Vajrasattva (tib. Dorje Sempa), e este para o indiano Garab Dorje .
O indiano Vimalamitra (séc. VIII) levou esses ensinamentos da Índia ao Tibet, onde foram sintetizados pelo tibetano Longchenpa (1308-1364).
Segundo ele,
As aparências da realidade são a sabedoria do caminho,
E paz presente, livre das projecções e dos afastamentos,
É o vazio instantâneo da pureza primordial [tib. trekchö / khregs chod].
A claridade espontânea deles, que é a sabedoria pura,
É o caminho directo [tib. thögel / thod rgal];
A união deles, a sabedoria pura,
É o caminho secreto da essência interior.
Quando todas as elaborações são pacificadas,
A sabedoria pura aparece normalmente.
O grande mestre desta escola foi Padmasambhava (tib. Pemajungne séc. VIII), também conhecido como o Mestre Precioso (tib. Guru Rinpoche / gu ru rin po che). Padmasambhava teria nascido (sânsc. sambhava) em um lótus (sânsc. padma), no país de Oddiyana, atual Kashimira entre o Afeganistão e o Paquistão.
Padmasambhava tornou-se um grande adepto (sânsc. mahasiddha) do budismo Vajrayana e viajou ao Tibet com a função de pacificar "as divindades e demónios" do local e de introduzir os ensinamentos budistas.
A escola Nyingma classifica esses ensinamentos ensinamentos em nove veículos (sânsc. yana):
Sharavaka-yana (o caminho dos ouvintes);
Pratyekabuddha-yana (o caminho dos realizadores solitários);
Bodhisattva-yana (o caminho dos seres da iluminação);
Kryia-tantra-yana (o caminho dos tantras de acção);
Charya-tantra-yana (o caminho dos tantras de actuação);
Yoga-tantra-yana (o caminho dos tantras de união);
Maha-yoga-yana (o caminho da grande união);
Anu-yoga-yana (o caminho da suprema união);
Ati-yoga-yana (o caminho da Grande Perfeição).
Na escola Nyingma, o Dzogchen, a Grande Perfeição, é visto como o ensinamento supremo do budismo.
Os ensinamentos Dzogchen não são uma filosofia, nem uma doutrina religiosa, nem uma tradição cultural.
Compreender a mensagem dos ensinamentos significa descobrir a própria condição, despida de todas as decepções e falsificações que mente cria.
O próprio significado do termo tibetano Dzogchen, Grande Perfeição, refere-se ao verdadeiro estado primordial de todo indivíduo e não a uma realidade transcendental.
No Dzogchen, também existe a transferência no corpo de arco-íris.
O corpo de arco-íris é a realização suprema do Dzogchen.
(Chögyal Namkhai Norbu Rinpoche)
Em minha vida, testemunhei quatro pessoas alcançando o corpo de arco-íris na hora da morte; elas não moravam em mosteiros, mas viviam com suas famílias. Quando tinha vinte e dois anos, presenciei um homem alcançar o corpo de arco-íris, e a maioria das pessoas sequer sabia que ele fazia prática espiritual. Não é o corpo que alteramos para nos tornarmos iluminados — é a mente.
(Chagdud Tulku Rinpoche, Portões da Prática Budista)
Além da transmissão oral (tib. kama / bka' ma) de ensinamentos, esta escola também utiliza a transmissão através de tesouros (tib. terma), escondidos principalmente por Padmasambhava e sua consorte, Yeshe Tsogyal (757-817).
Os tesouros da terra (tib. sater) podem ser manuscritos, relíquias, objetos e até elementos naturais, guardados em locais secretos e descobertos na época apropriada por pessoas especiais, tertöns, profetizados por aqueles que esconderam os tesouros. Em outra categoria, tesouro do espaço (tib. longter / klong gter), os ensinamentos ficariam guardados secretamente na própria mente dos tertöns, surgindo na época apropriada.
Os termas são escrituras que foram deliberadamente escondidas e descobertas em sucessivos momentos apropriados por mestres realizados, através do seu poder iluminado.
Os termas são ensinamentos que representam uma profunda, autêntica e poderosa forma tântrica do treinamento budista.
Centenas de tertöns, os descobridores dos tesouros de Dharma, encontraram milhares de volumes de escrituras e objetos sagrados, escondidos na terra, na água, no céu, nas montanhas, nas rochas e na mente.
Praticando estes ensinamentos, muitos de seus seguidores alcançaram o estado de iluminação completa, o estado búdico.
"Várias escolas do budismo no Tibet têm termas, mas a escola Nyingma tem a tradição mais rica.".
Tulku Thondup Rinpoche, Hidden Teachings of Tibet
Os primeiros tertöns foram Sangye Lama e Drapa Ngösho (séc. XI). Nyang Rel Nyima Öser (1124-1192), Chökyi Wangchug (1212-1270) e Rigdzin Gödem (1337-1409) foram os "três grandes tertöns", considerados emanações da mente, fala e corpo de Padmasambhava.
Posteriormente, apareceram Örgyen Lingpa (1323-1360), Sangye Lingpa (1340-1396), Pema Lingpa (1346-1405), Karma Lingpa (séc. XIV), Ratna Lingpa (1403-1479), Terdag Lingpa (1634/1646-1714), Jigme Lingpa (1729-1798), Pema Ösel Mongag Lingpa (1820-1892) e Chögyur Dechen Lingpa (ou Shigpa Lingpa, 1829-1870).
Um dos tesouros mais conhecidos, revelado por Karma Lingpa, é o livro da Liberação através do Ouvir no Estado Intermediário (tib. Bardo Thödröl), mais conhecido no ocidente como o "Livro Tibetano dos Mortos".
Ainda hoje, existem muitos termas a serem descobertas, revitalizando e atualizando constantemente os ensinamentos da escola Nyingma.
Tashi delek བཀྲ་ ཤིས་ བདེ་ ལེགས Que absolutamente todos os Seres Sencientes possam se beneficiar